sábado, 3 de janeiro de 2015

FORMAÇÃO HISTÓRICA DO RIO GRANDE DO SUL
1ª PARTE

O Rio Grande do Sul tem sua formação histórica diferenciada dos demais estados da federação brasileira. 
Em 1500, Pedro Álvares Cabral aportou no Brasil, porém, desde 1494, Portugal e Espanha havia firmado o Tratado de Tordesilhas. Através do tratado, imaginou-se uma linha, que passaria a oeste das ilhas de Cabo Verde e que serviria de limite às concessões dos dois países. Essa linha ficou conhecida como Meridiano de Tordesilhas, a qual dividia, entre eles, as maiores potências em navegação do mundo, naquela época, as terras já encontradas e as que viessem a ser encontradas. No acordo constou que as terras situadas a oeste do meridiano pertenceriam à Espanha e as situadas a leste, a Portugal. Considerando o atual território brasileiro, o meridiano atravessava o Brasil de norte a sul, passando pelas cidades de Belém (Pará) e Laguna (Santa Catarina). Portanto, as terras que hoje formam o nosso Estado pertenceram à Espanha até serem conquistadas pelos portugueses e incorporadas ao território brasileiro nos séculos XVII e XVIII, fazendo uma das grandes diferenças entre os acontecimentos históricos, que deram origem ao Rio Grande do Sul. 
Mais de um século se passou, sem que acontecimentos registrassem o início a história do Rio Grande do Sul. Vejamos:
â 1492 – Colombo descobriu a América, chegando pelas ilhas da América Central.
â 1500 – A expedição chefiada por Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, desembarcando em Porto Seguro, no litoral baiano.
â 1501 – As caravelas portuguesas foram as primeiras a percorrerem a costa brasileira, seguida pelas espanholas, porém, sem registros de desembarque, uma vez que as praias eram perigosas e não proporcionavam condições para portos naturais.
â 1531 – Navegantes portugueses comandados por Martim Afonso de Souza e Pero Lopes, navegaram pelo sul sem desembarcar nas praias gaúchas, batizando com o nome de Rio Grande de São Pedro a barra por onde, mais tarde, permitiu a passagem de navios do Oceano Atlântico para a Laguna dos Patos.
â 1580 a 1640 – Devido ao casamento do rei da Espanha com princesa portuguesa e do rei de Portugal com princesa espanhola, Portugal passou a ser governado pelo rei da Espanha, Felipe II, herdeiro do trono português, por ser neto de D. Manuel, “O Venturoso”. Portugal e todas as suas colônias passaram aos domínios da Espanha, o que a história registra como “União das Coroas Ibérica”, tendo como principal conseqüência foi o esquecimento do Tratado de Tordesilhas.

PROVÍNCIA DO TAPE

Durante o período colonial, as terras sul-rio-grandenses foram, aos poucos, sendo ocupadas em nome da Coroa de Espanha, porém, jamais os portugueses demonstraram desinteresse em tomar posse das terras.
1605 – A vinda dos padres jesuítas João Lobato e Jerônimo Rodrigues iniciou a ação jesuítica a serviço da Coroa de Portugal, no litoral do atual Rio Grande do Sul.
1620 – A chegando dos primeiros padres jesuítas da Companhia de Jesus, Roque Gonzalez, Afonso Rodrigues e Juan Del Castilhos, o que a historiografia registra como “chegada oficial do homem branco” ao território gaúcho marcou o inicio da ação jesuítica a serviço da Coroa de Espanha, no interior do atual Rio Grande do Sul. Os jesuítas vieram com o propósito de pacificar e catequizar os índios e tomar posse em nome do Coroa de Espanha.
1626 – O padre jesuíta Roque Gonzalez, nascido no Paraguai, atravessou o rio Uruguai e fundou o povo de São Nicolau, o “Berço da Civilização”. Sabe-se que, ao visitar o rio Guaíba (Iguaí), o padre Roque encontrou, na região onde hoje está a capital dos gaúchos, Porto Alegre, navios portugueses, vindos pelo mar, forçando a barra de Rio Grande e atravessando a Laguna dos Patos, para comercializar com os índios.
1626 a 1638 – É marcada pela fase reducional, primeira ação dos jesuítas da Companhia de Jesus, em nosso estado, fundando, no oeste do atual Rio Grande do Sul, 18 povoados registrados como “Reduções do Tape”. Eram aldeamentos indígenas dirigidos pelos padres jesuítas, com o objetivo de educar os índios à moda européia e convertê-los à fé católica.
1628 – É marcado pela morte dos padres jesuítas Roque Gonzalez e Afonso Rodrigues na redução de Caaró, fundada pelo próprio padre Roque; Juan Del Castilhos, na redução de Assunção do Ijuí, na região de Pirapó. A morte dos jesuítas foi ordenada pelo cacique Nheçu, que rebelou os índios porque os padres condenavam a poligamia e a antropofagia. Nheçu dizia que as epidemias trazidas pelos brancos eram provenientes do batismo.
1634 –Os padres jesuítas Cristóvão de Mendonza e Romero introduziram o gado nas Missões orientais. Os padres conduziram o gado pelo “Potreiro Grande das Reduções” situado entre o Mato Castelhano e o Mato Português, em terras entre os atuais municípios de Passo Fundo e Lagoa Vermelha. Desta forma, inauguraram a criação e o povoamento gadeiro da imensa campina, gigantesca iniciativa econômica para as Missões e para o futuro do nosso Estado e do Brasil, justificando, mais tarde, o surgimento do gaúcho. O Padre Cristóvão ficou conhecido entre os índios como “Pai Quirito”.
1635 – Foi marcado pela morte do padre Cristóvão de Mendonça, o “Herói do Ibiá”, na região do Ibiá.
1636 a 1641 – Em busca do gado e mão de obra escrava, teve a ação dos bandeirantes no Tape: Raposo Tavares (1636), André Fernandes ou Francisco Bueno (1637); Fernão Dias Paes (1637 e 1638) e Domingos Cordeiros (1638). Na ocasião, além do gado, mais de 300 mil índios foram preados.
1639 – O bandeirante Domingos Cordeiros é derrotado por Nicolau Niengüiru, em Caaçapaguaçu, atual terras do município de Entre-Ijuis. Movidos pela ação violenta dos bandeirantes, os jesuítas e os índios fugiram da Província do Tape.
1641 – Com o término da “União Ibérica”, os missioneiros conseguiram armas de fogo do governo espanhol. E os índios, treinados e comandados pelos jesuítas, derrotaram a Bandeira de Jerônimo Pedroso, na batalha fluvial de Mbororé, expulsando definitivamente os bandeirantes da região do Tape.
Devido aos constantes ataques dos bandeirantes na região do Tape, os jesuítas e seus índios reduzidos transmigraram para a outra margem do rio Uruguai, deixando o gado em solo rio-grandense. Parte do gado, que por acaso escapou da ação dos bandeirantes, multiplicou-se às leis da natureza, povoando os campos entre os rios Jacuí e Negro, com boa pastagem e bom aguado. Esse gado passou a criar-se solto, sendo conhecido por gado xucro ou bravio, o “gado chimarrão” e a região ficou conhecida por “Vacaria do Mar”. Essa Vacaria despertou a cobiça dos luso-brasileiros, que passavam pela região, bem como dos índios minuanos, aliados dos portugueses. Em 1739, não tinha mais gado nesta área.
1650 – iniciou a fase da preação do gado xucro, onde os luso-brasileiros se interessavam pela extração de couro. Essa préia do gado alçado movimentou o extremo sul, atraindo as pessoas para a região, a qual passava a ser conhecida pela sua riqueza pecuária. Com o término da União Ibérica e a conseqüente retomada do Tratado de Tordesilhas, a Vacaria do Mar estava localizada em terras da Espanha, porém as terras eram administradas pelos padres da Companhia de Jesus.
Espanhóis e portugueses descobriram a Vacaria do Mar e passaram a retirar tropas para levar às feiras de Itu e Sorocaba, além de abater os animais para tirar o couro e o sebo.
1680 – Portugal resolveu marcar presença na região sul para enfrentar o expansionismo espanhol. As descobertas de ouro em Curitiba e Paranaguá incentivaram o plano de alargar as fronteiras do reino de Portugal até o rio da Prata. D. Manuel Lobo aportou junto à ilha de São Gabriel no rio da Prata (enfrente a Buenos Aires, na República do Uruguai), para fundar a Colônia do Santíssimo Sacramento. Sua fundação serviria para estabelecer um forte militar na região, criar importante entreposto comercial no rio da Prata, introduzindo negros escravos na região e favorecendo a comercialização de produtos, conforme as instruções de D. Manuel Lobo. A Espanha ocupou a Colônia do Sacramento por várias vezes. Esta edificação também foi decisiva para o surgimento do gaúcho. Atualmente, sua história está junto a cidade de Colônia, a mais antiga da República Oriental do Uruguai.
1682 – Os bandeirantes estando ocupados com o ouro e as pedras preciosas das Minas Gerais, esqueceram os índios e as “Reduções do Tape”. Por isso, os jesuítas espanhóis voltaram ao solo gaúcho para dar início a segunda fase, ou seja  fundar os “Sete Povos das Missões”.
1682 a 1701 – os jesuítas fundaram 8 povos em território gaúcho, dos quais 7 prosperaram e constituíram “Os Sete Povos das Missões”. A seguir:
§  São Francisco de Borja: fundado em 1682, foi o primeiro. Antônio Augusto Fagundes refere-se a ele como “o mais antigo núcleo urbano do Rio Grande do Sul”. Hoje é sede do município de São Borja.
§   São Nicolau: fundado em 1626, na 1ª fase dos jesuítas, pelo padre Roque Gonzalez, morto pelos índios. Devido aos constantes ataques dos bandeirantes, os índios e os jesuítas abandonaram o local. Foi reerguido, em 1687, na 2ª fase missioneira, no mesmo local e batizado com o mesmo nome.
§  São Luiz Gonzaga: erguido em 1690, hoje é sede do município do mesmo nome.
§  São Miguel Arcanjo – fundado em 1690, foi o povoado que mais prosperou, por isso foi a “capital dos Sete Povos”. Aqui, surgiu a primeira tipografia e o primeiro livro do Brasil. Suas ruínas encontram-se na atual cidade de São Miguel das Missões. 
§  São Lourenço Mártir: fundado em 1697, com índios Tape e Guarani, atualmente encontra-se na área do município de São Luiz Gonzaga.
§  Santo Ângelo Custódio: fundado em 1707, com índios Tape e Guarani, é sede do município do mesmo nome.
§  São João Batista: fundado em 1706, pelo mais genial dos missionários, o Padre Antônio Sepp, que era músico e com sólida instrução de música vocal e instrumental. Neste povoado, havia artistas em todas as profissões e todos orientados pelo Padre Sepp, que chegou a criar uma orquestra, cujos instrumentos foram todos feitos por ele e seus discípulos. Por ser Arquiteto, o padre construiu a igreja do povoado, que nada ficou devendo às igrejas bávaras. Extraiu o primeiro ferro das Missões, fazendo instrumentos de toda a espécie, bem como os sinos da igreja de seu povo. Sua obra-prima foi o relógio da torre da igreja que, ao dar as horas, fazia desfilar, pelo mostrador, as imagens dos 12 apóstolos.
§  Jesus Maria de Guenoas: fundado em 1682, juntamente com São Francisco de Borja, aldeando índios Guenoas, que não eram Tape ou Guarani, mas os aguerridos Mbaias e por isso não prosperou.
            Com o propósito de retirar a gadaria do caminho dos portugueses e espanhóis, os jesuítas dos “Sete Povos” conduziram-nos para os campos do Planalto, no nordeste do Estado, na região dos Pinhais, surgindo assim a “Vacaria dos Pinhais” ou “Campos da Vacaria”, em terras dos atuais municípios de Vacaria, Bom Jesus....
Com a fundação da Colônia do Sacramento e o retorno dos jesuítas ao local das suas antigas reduções, ficou evidenciado que as nações Ibéricas (Portugal e Espanha) estavam dispostas em conquistar, palmo a palmo, as áreas próximas ao estuário do Prata, uma vez que o Rio Grande possuía um bem econômico que lhes valessem esforços de exploração. Os luso-portugueses passaram a reivindicar a região considerada “Terra de Ninguém”, o que não era uma verdade, pois a região estava sob o governo de Buenos Aires.
1686 – Para defender e apoiar a Colônia do Santíssimo Sacramento, facilitando o acesso até o Rio de Janeiro, Francisco de Brito Peixoto e seu filho Francisco fundou Laguna, no litoral catarinense. A partir de então, o litoral rio-grandense passou a ser visitada constantemente pelos portugueses, que queriam abrir caminho entre Laguna e Sacramento, transformando o Rio Grande numa grande região de passagem.
No início do século XVIII, com a descoberta de jazidas de ouro em Minas Gerais, a região sul passou a interessar ainda mais aos portugueses. Nas estâncias, criava-se gado bovino, para a produção de carne e couro, além de animais utilizados para tração ou transporte (burros e cavalos), que iriam abastecer a região mineradora. Foi assim que surgiu o tropeiro, indivíduo responsável pelo transporte do gado.
1725 a 1729 – Nas proximidades da atual cidade de São José do Norte, em 1725, João de Magalhães comandou uma guarda na margem norte do canal de Rio Grande, com a finalidade de cobrar pedágio, fiscalizar a passagem de gado retirado da Vacaria dos Pinhais, além de impedir a passagem de desertores da Colônia. O tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu estabeleceu o caminho das tropas e currais ao longo do litoral.
1727 – o sargento-mor Francisco de Souza Faria abriu uma estrada ligando “Morro dos Conventos”, por onde as tropas atingiam facilmente os caminhos de Lages, Curitiba e Sorocaba, com melhores pastagens e facilidade de marcha pelo divisor de águas, sem necessidades de cruzar os rios caudalosos.
Procurando novas terras para expandir a criação de gado, os lagunenses liderados por João de Magalhães, avançaram e ocuparam os Campos de Viamão (como era conhecido o Rio Grande na época). Desta forma teve início a apropriação militar da terra, através da doação de sesmarias, que eram lotes de terras incultas ou abandonadas, que os reis de Portugal cediam a quem se dispusesse a cultivá-las.
1732 – Manoel Gonçalves Ribeiro e Francisco Xavier Ribeiro receberam, em Tramandaí, as duas primeiras sesmarias em terras do nosso Estado. Com a rota de tropas afastadas de Laguna, os lagunenses e tropeiros buscaram o caminho do gado, estabelecendo-se com currais e sesmarias ao sul do rio Mampituba, nos chamados “Campos de Viamão”. Das sesmarias surgiram as estâncias povoadas com gado retirado da Vacaria do Mar e das estâncias missioneiras. A criação era extensiva, com uma pequena lavoura de milho, mandioca, abóbora e feijão para a alimentação da família e dos peões. A estância era familiar, comunal, patriarcal e militar, concedida além da linha divisória, empurrando pouco a pouco a fronteira com a Espanha.
1732 – antes da fundação de Rio grande, Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos ganhou uma grande extensão de terras às margens do Guaíba, que pertencia a Viamão, um dos principais povoados do Rio Grande do Sul. Nessas sesmarias, Jerônimo de Ornelas organizou uma estância, cuja sede ficava no Morro Santana, atual bairro de Porto Alegre. Para servir ao comércio de Viamão, foi construído um pequeno porto sobre o gauíba: o porto de Viamão. Marinheiros, comerciantes e outras pessoas fixaram-se junto ao porto. A população cresceu e o lugar pasou a ser chamado de “Porto do Dorneles”

COMANDÂNCIA MILITAR DE SÃO PEDRO DO RIO GRANDE

1735 a 1737 – Castelhanos sitiaram a Colônia do Santíssimo Sacramento.
O governo português ordenou a construção de uma área fortificada no Rio Grande do Sul, para proteger a Colônia do Sacramento dos freqüentes ataques espanhóis, que poderiam prejudicar o comércio de gado para a zona mineira. Os portugueses decidiram encurtar distâncias, unir mais os fortes, Sacramento e Laguna, facilitando a comunicação. Por isso, vieram a ocupar o extremo sul do Brasil. D. João V destacou José da Silva Pais, hábil engenheiro, militar curtido na guerra, senhor de apreciável cultura humanística, recebeu instruções para fundar uma povoação no extremo sul, em Montevidéu, Maldonado ou Rio Grande. Enquanto aparelhava os navios no Rio de Janeiro e Santos, Silva Pais ordenou ao tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu, que preparasse a área ao sul do canal de Rio Grande e aguardasse com gado para alimentação dos pioneiros.
1736 – Dos Campos de Viamão até às margens do Guaíba, as terras estavam ocupadas por estâncias, que também criavam mulas para as outras capitanias. As tropas de mula eram o principal meio de transporte de mercadorias no interior do Brasil, no século XVIII.
1737 –Para oficializar o idealizado em 1735, foi edificado o Forte Jesus-Maria-José junto ao canal de Rio Grande, primeira fundação oficial, que selou definitivamente a ocupação portuguesa do solo gaúcho, dando origem a atual cidade de Rio Grande. Neste mesmo ano, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Paris, pelo qual ficava assegurada a paz entre ambas potências. Mesmo assim, Gomes Freire mandou organizar um regimento de Dragões, uma tropa de cavalaria com 600 homens, com sede em Rio Grande.
1738 – Com o objetivo de auxiliar a Colônia do Santíssimo Sacramento, povoar a região e regular as relações entre os diferentes elementos povoadores, foi criada a “Comandância Militar” do Rio Grande de São Pedro subordinada ao Rio de Janeiro, iniciando-se assim a vida administrativa do nosso Estado. O primeiro Comandante Militar foi o próprio Brigadeiro José da Silva Paes. A Comandância Militar, que ficou constituída pela vila de Rio Grande (conjunto de casas cobertas de palhas, moradias de famílias de militares, com seus escravos) pelos presídios dos fortes (presídios eram as guarnições que ficavam nos fortes) Jesus-Maria-José (Rio Grande), de Santana (mais ao sul, numa linha de trincheiras que cortava a península) e de São Miguel (guarnecia o extremo sul da Lagoa Mirim, hoje em Departamento de Rocha, na Rep. do Uruguai), pelas guardas (postos de pedágio, cobrança de impostos sobre as tropas de gado, além de prender desertores) distribuídas nos passos, pelas estâncias particulares, pela Estância Real do Bojuru e pelas datas (lotes de terras distribuídos pelo capitão da Capitania, doados às famílias que vinham povoar a Comandância de Rio Grande e destinados à agricultura). O pequeno comércio atendia unicamente aos habitantes da vila, pois o porto era militar, não podendo entrar navios comerciais até 1763.
1741 – Foi fundada a Capela Grande de Viamão, que deu origem a atual cidade de Viamão, no alto da Estância Grande, construída por Francisco Carvalho da Cunha, sendo elevada à categoria de sede de Freguesia em 1747. Com a invasão dos espanhóis em Rio Grande, Viamão passou a ser capital do Rio grande do sul, de 1763 a 1773.
â 1750 - O povoado ao redor do forte Jesus-Maria-José cresceu e foi elevado à vila, com o nome de Vila de Rio Grande.
 As excursões paulistas, as Missões e o povoamento do litoral criaram novas situações no território rio-grandense, fazendo-se necessário e urgente a revisão nos domínios ibéricos na porção meridional do continente americano.
Por isso, em 1750, os representantes das duas Coroas reuniram-se em Madrid, assinando o Tratado de valor inestimável não só ao Rio Grande do sul, mas ao Brasil, pois definia juridicamente a configuração geográfica do país, como ao Direto Internacional. O brasileiro Alexandre de Gusmão, secretário do Conselho Ultramarino, orientou o tratado, que pela primeira vez no mundo adotou os limites naturais como fronteiras e o reconhecimento do “uti Possi tis”, em que cada patê ficaria com o território que estivesse ocupado.
Pelo Tratado, a linha divisória partiria de Castilho Grande (ao norte de Maldonado), pelas vertentes da lagoa Mirim e dos rios Santa Lúcia e Negro, atingindo o rio Ibicuí, por cujo curso seguiria até alcançar as águas do rio Uruguai.
Conforme o tratado, Portugal trocou a Colônia do Sacramento, uma cidade na fronteira com a Espanha e as Filipinas pelos Sete Povos das Missões, o oeste de Santa Catarina, o oeste do Paraná, Mato Grosso e Amazônia. Uma comissão mista demarcaria os limites definitivos. O tratado estipulava que os índios deveriam abandonar os Sete Povos, isto para garantir que não haveria revoltas dos índios contra Portugal. Gomes Freire de Andrade planejou instalar casais açorianos em lugar dos índios missioneiros.
No início, os portugueses ocuparam apenas o litoral, mas em 1752, seus domínios se estendiam até o rio Pardo, afluente do rio Jacuí. Nossas terras iam deixando de ser apenas zona de passagem, para se transformarem em zona de extremidade integrada ao Brasil.
1750 / 1752 – A corte de Portugal desejou criar uma classe média agrícola inexistente no Brasil. Com a assinatura do Tratado de Madrid, Gomes Freire de Andrade providenciou logo para que parte dos casais açorianos, que viesse para Santa Catarina, fosse enviada para o Rio Grande do Sul, a fim de ocupar as terras dos “Sete Povos das Missões”, que deveriam ser abandonadas pelos índios e jesuítas. Por volta de 1750, a região sul passou a receber imigrantes do arquipélago dos Açores (Portugal).
1752 - Os casais açorianos chegam ao Rio Grande do Sul, e por ordem do governo português, muitos casais açorianos desembarcaram no Porto do Dorneles, por volta de 1752, dando início à colonização do nosso Estado. Alguns deles fixaram-se na região próxima ao Guaíba, onde fica a rua da Praia (atual Andradas), local onde organizaram um povoado (atual bairro Gasômetro) e construíram uma capela em homenagem a São Francisco. Com a chegada dos açorianos, o porto do Dorneles passou a se chamar Porto dos Casais. A Guerra Guaranítica atrapalhou os planos de Gomes Freire e os açorianos recém-chegados viram-se abandonados à própria sorte, ao longo da rota Rio Grande – Missões. A lentidão na distribuição das datas (lotes agrícolas), as rebeliões dos índios, as invasões castelhanas e a deficiência de recursos da Metrópole para um empreendimento de tal natureza, formaram as contas do colar de amarguras dos infelizes açorianos, arrastando-se por mais de vinte anos de desilusões, fazendo com que vários deles abandonassem a agricultura e se dirigem a Montevidéu tornaram-se prósperos fazendeiros. A sorte somente melhoraria em 1764, inaugurando-se em taquari o primeiro núcleo oficial, cabendo ao capitão de Engenheiros Alexandre José Montanha a demarcação dos lotes, sete anos depois.
Os açorianos espalharam-se pelo litoral, depressão central, organizando as povoações de Torres,Tramandaí, Triunfo, Tavares, Pelotas, Viamão, Santo Antônio da Patrulha, Guaíba, Mostardas, Gravataí; atingindo o rio Jacuí, fundaram Porto Alegre, Rio Pardo, expandindo-se pelas localidades adjacentes. Os açorianos foram os responsáveis pela introdução do cultivo de trigo na Colônia.
1752 – Cumprindo ordens de Gomes Freire de Andrade, Cristóvão Pereira de Abreu fundou o forte Jesus-Maria-José do Rio Pardo, que deu origem a atual cidade de Rio Pardo, como ponto avançado para alcançar as Missões e para garantir a demarcação do tratado.
A comissão mista deu inicio a demarcação do Tratado de Madrid. O comissário português foi o governador do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, o Conde de Bodadela, enquanto que o representante espanhol foi o Marques de Valdelírios que, depois de darem início aos trabalhos sem incidentes, de sorte que se recolheram para a Colônia de Sacramento e Montevidéu respectivamente. O primeiro incidente aconteceu no momento em que os demarcadores chegaram no sítio de Santa Tecla, em Bagé, estância de São Miguel. Os índios chefiados pelo alferes real do povo de São Miguel, Sepé Tiaraju, opuseram-se ao avanço dos portugueses e espanhóis. Sepé Tiaraju lhes teria dito: “Esta terra é nossa, a recebemos de Deus e de São Miguel”. Os trabalhos foram suspensos, só prosseguindo mediante a força.
1754 a 1756 – Tem início a Guerra Guaranítica com ações iniciadas pelos índios que, por duas vezes, atacaram o Forte de Jesus-Maria-José do Rio Pardo, que deu origem a atual cidade de Rio Pardo. Em 29 de abril de 1754, os índios comandados por Sepé Tiaraju atacam novamente. As forças lusas eram chefiadas por Francisco Pinto Bandeira, que foi ferido, e pelo rio-grandense Tenente-coronel Tomas Luis Osório. Sepé caiu prisioneiro, fugindo depois, graças a sua astúcia e a condescendência de Pinto Bandeira.
A 7 de fevereiro morre em uma escaramuça o índio Sepé Tiaraju, junto à Sanga da Bica (hoje perímetro urbano de São Gabriel) morte pelas forças espanholas e portuguesas. Três dias mais tarde ocorre o massacre de Caiboaté (ainda no município de São Gabriel), onde em apenas uma hora e 10 minutos os exércitos de Espanha e Portugal massacram quase 1500 índios e tiveram apenas 4 baixas. Em Caiboaté, foi vencida a resistência missioneira definitivamente. Ao abandonarem as Missões, os jesuítas carregaram o que puderam e incendiaram lavouras, casas e até igrejas.
A Guerra Guaranítica destruiu moralmente as Missões, abalando a confiança dos índios nos jesuítas e nas autoridades, destruiu estâncias, ervais, deu aos portugueses a margem esquerda do rio Jacuí, desde o rio Pardo até o Guaíba.
Anos mais tarde, as Coroas Ibéricas responsabilizaram os jesuítas pela Guerra guaranítica. Os religiosos foram considerados prejudiciais à sociedade colonial, pois constantemente entravam em choque com os colonos das regiões pobres para defender os índios contra a escravização. Foram também acusados de isolar os índios da sociedade e de instigá-los contra os colonos, além de terem sido criticados por possuírem muito poder político e por acumular riquezas.
1759 – As acusações contra os jesuítas motivou a expulsão de Portugal, instigado pelo Marquês de Pombal.

CAPITANIA DO RIO GRANDE DE SÃO PEDRO
  
1760 – Foi criada a Capitania do Rio Grande de São Pedro. O primeiro governador foi o Coronel Inácio Eloi Madureira. A vila de Rio Grande passa a ser a capital até 1763.
1761 / 62 – O Tratado de Madrid foi anulado com a assinatura do Tratado de El Pardo ou ainda “Pacto da Família”. Isto significa que os Sete Povos das Missões continuaram sob o domínio Espanhol e a Colônia do Sacramento continuou portuguesa.
1762 a 1777 – Ação espanhola no Rio Grande de São Pedro.
1763 – tropas espanholas invadiram o Brasil apoderando-se do Forte de Santa Tereza e da cidade de Rio Grande e de São José do Norte. No período da dominação espanhola começa a brilhar um herói autenticamente gaúcho: Rafael Pinto Bandeira.
1764 – Foi fundado Taquari, o primeiro núcleo açoriano no Rio Grande do Sul
1767 - Na Espanha, apesar de toda a evidência em contrário, provada pelo processo movido por D. Pedro Ceballos, alegando os mesmos motivos, Carlos III assinou o decreto de expulsão dos jesuítas.
1768 - Os jesuítas foram obrigados a abandonar todas as missões, que terminaram em ruínas.
1771 – Rio Pardo defendeu o domínio português com galhardia, combatendo as tropas espanholas, por isso recebeu o título de “Tranqueira Invicta”. A presença dos dragões, logo lhe valeu a característica militar, mas conservou o forte sentimento religioso.
1772 – Fundação oficial de Porto Alegre. O povoado do Porto dos Casais foi separado de Viamão e recebeu o nome de São Francisco do Porto dos Casais.
1773 – O povoado de São Francisco do Porto dos Casais (Porto Alegre) recebeu o nome de Freguesia da Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. O Coronel José Marcelino de Figueiredo transferiu a capital do Rio Grande do Sul, de Viamão para Porto Alegre.
1776 – Os espanhóis são expulsos do Rio Grande. Mas o forte de Santa Tereza jamais foi recuperado. Atualmente está em território uruguaio
â 1763 a 1773 – O governador de Rio Grande Inácio Eloi Madureira transportou a sede do governo para Viamão.
1777 – Tratado de Santo Ildefonso foi último ajuste diplomático entre Portugal e Espanha, durante o período colonial, a dispor sobre seus limites na América do Sul. Os Sete Povos das Missões passam a pertencer aos domínios coloniais de Coroa Espanha.
Uma das inovações do tratado constituiu no estabelecimento dos Campos Neutrais. “As línguas de terras compreendidas entre as lagoas Mirim e Mangueira e a costa marítima não poderiam ser ocupadas por nenhuma das nações contratantes, isto é, nem os portugueses passariam o Arroio Taim, linha reta ao mar até à parte meridional, nem os espanhóis ultrapassariam o Arroio Chuí e de São Miguel até a parte setentrional”.
1780 – O cearense Domingos José Pinto Martins ergueu nas proximidades de Pelotas o primeiro estabelecimento para a preparação do charque em nossos pagos, a Charqueada com características empresariais (mercantilização da economia colonial rio-grandense; produção de charque e expansão da lavoura de trigo; utilização do trabalho escravo africano). O estabelecimento era formado por vários galpões coberto de capim e o charque era estendido em varais de pau a roliços, para secar ao tempo. Para salgar a carne era importado sal de Portugal ou da Espanha. As charqueadas utilizavam fundamentalmente o trabalho escravo negro. A partir daí, o negro entra maciçamente no Rio Grande do Sul, como escravo das charqueadas. Nas charqueadas encontram-se os elementos essenciais da escravidão brasileira. Além da rica casa senhoril, havia a senzala (casa dos escravos) e o tronco (instrumento ao qual os escravos eram amarrados e surrados). O feitor, um empregado branco, fiscalizava os escravos, que trabalhavam tanto, sem descanso, que muitos morriam de exaustão. Para escapar à escravidão, os cativos fugiam para os quilombos, revoltavam-se e até cometiam o suicídio.
Os colonizadores transformaram-se em poderosos senhores de terras e escravos. Desde o momento em que os portugueses receberam sesmarias, introduziram o trabalho escravo na pecuária rio-grandense. Esses senhores, além de estancieiros, eram também militares, já que a região era de fronteira e as disputas territoriais com os espanhóis eram freqüentes. Logo, as charqueadas tiveram um poder decisivo na economia gaúcha.

BIBLIOGRAFIA:
FAGUNDES, Antônio Augusto Fagundes – Cartilha do Rio Grande do Sul
_________________________________ - Curso de Tradicionalismo Gaúcho

COSTA E SILVA, Riograndino da – Notas à Margem da História do Rio grande do Sul.
MONTOYA, Pe Antônio Ruiz de – Conquista Espiritual
LESSA, Luiz Carlos Barbosa – Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo
Quevedo, Júlio – Rio Grande do Sul – Estudos Sociais.
____________ - História Compacta do Rio Grande do Sul
____________ - Rio Grande do Sul – Aspectos da História
BARBOSA,  Fidélis Dalcin – História do Rio Grande do Sul
LAZZAROTTO, Danilo – História do Rio Grande do Sul
SCHMITT, Adalberto – Estudos Rio-Grandenses
FLORES, Moacyr – História do Rio Grande do Sul
Guilhermino Cezar – História do Rio Grande do Sul


O Negro na Formação do Rio Grande do Sul

O Negro na Formação do Rio Grande do Sul

Ao optar por trabalhar este tema, o fiz por julgar um dever de justiça e não por simples prazer passageiro.
Falar sobre o elemento negro, em todas as suas dimensões, é um desafio. È tão desafiante, quanto necessário fazer uma abordagem abrangente.
A História do Rio Grande do Sul, tanto quanto a História do Brasil, silenciou a participação do Negro, mas omitiu capítulos decisivos na formação da sua gente, negando aos negros o direito de, ao menos, serem citados como construtores braçais desse grande povo.
Dante de Laytano afirma com muita propriedade, que tanto a História quanto a Literatura Gaúcha, ocupou-se do Negro apenas de forma acidental, ligeira e negligentemente, o que não vem a ser uma denúncia infundada.
De fato, a escravidão não é uma página de glória para o Brasil e nem para o povo brasileiro, pois nossa historiografia registra a escravidão negra, e muito demorou em abolir esta forma de discriminação. Foi o campeão em tráfico negreiro, explorou por mais de três séculos o homem servil, depois proclamou uma abolição para “satisfazer o branco” e não para libertar o negro, com inclusão social para uma vida construtiva, com uma existência digna.
No Rio Grande do Sul, não poderia ter sido muito diferente do restante do Brasil. Tudo aconteceu da mesma forma, porém em proporções menores. O Negro foi escravo, foi sofrido, desprezado. Sua contribuição à formação da nossa gente, da nossa terra é pouco esclarecida.
O historiador Guilhermino César, em 1970, foi o primeiro a colocar o “Negro em destaque entre os elementos formadores da etnia gaúcha”.
Cabe a cada gaúcho, após um século de “Abolição” dar ao negro, elemento integrante da miscigenação e muito importante na formação do masaico cultural do Rio Grande gaúcho e brasileiro, o lugar que ele bem merece como construtor deste grande torrão.
Verificando a sua contribuição em todos os campos da construção sócio-econômica do Rio Grande, não podemos continuar omissos e ignorantes quanto ao papel preponderante que o negro desempenhou em nossa sociedade, em nossa formação sócio-cultural.
O negro entrou no Rio Grande do Sul com a ocupação portuguesa, pois esses e os luso-brasileiros já tinham se acostumado a ter escravos e não podiam dispensá-los nos seus trabalhos.
Não existem dados precisos quanto à data exata de ingresso dos primeiros negros, dos primeiros escravos africanos no Rio Grande do Sul, porém é certo que, com a chegada dos primeiros povoadores, ele já esteve presente, abrindo picada, fazendo pinguelas, etc.
O historiador Mário José Maestri Filho assim escreveu: “o escravo negro estabeleceu-se no atual território gaúcho antes do início da ocupação oficial do sul (1737). Portanto quando os primeiros povoadores, que para cá vieram, já o trouxeram na condição de escravo”.
Há citações de historiadores, que afirmam essa presença já na fundação da Colônia do Sacramento, em 1680. O contingente era composto de duzentos homens, sendo sessenta escravos negros, e destes quarenta e oito eram “propriedade” de Manuel Lobo, comandante da referida expedição.
Têm-se indícios de que negros fugidos da Colônia do Sacramento e até mesmo de Buenos Aires, além dos vindos do litoral paulista e lagunense, se embrenharam nas matas do território rio-grandense.
É seguro afirmar que, no mínimo, o escravo negro entrou no nosso Estado carregando a bagagem do luso-brasileiro, para que o mesmo aqui se instalasse. Foi esse negro tão pouco valorizado, que deu condições para o branco se aquerenciar, viver e prosperar.
Referindo-se ao negro, Maestri Filho registra que, foi a partir de 1680, que o cativo desempenhou essencial papel na História do Brasil Meridional. Ele foi singular ”mercadoria” para o contrabando do Prata; trabalhou na Colônia e arredores; participou das lides, que defrontaram as duas Coroas. Desde esta época, os primeiros negros cativos foram forçados a singrarem as águas costeiras ou ainda a cortarem o território gaúcho, indo ou vindo de Sacramento. Alguns deles poderiam ter se fixado nos pampas interiores, quando das fugas coletivas ou individuais da Colônia do Sacramento.
Embora não se precise com exatidão a chegada do negro no Rio Grande do Sul, sabe-se que desde os primórdios da sua formação, e em toda a sua trajetória, ele foi presença marcante e indispensável na ocupação portuguesa, pois esses e os luso-brasileiros já tinham se acostumado com escravos e não podiam dispensá-los nos seus trabalhos.
O certo é que não se pode contar a História do Rio Grande do Sul sem falar na participação marcante do negro, que segurou as luzes, fez o papel e alcançou o lápis para que seu amo a escrevesse.
O elemento negro esteve junto no povoamento, na delimitação de fronteiras, na afirmação do nosso Estado. Foi um dos arquitetos da sociedade rio-grandense, tão importante quanto aos demais colonizadores que aqui aportaram.  A dispersão espacial do negro deu-se do litoral para o interior, atingindo a Campanha e a Depressão Central, a partir dos eixos de irradiação com base em Rio Grande. No principal deles, os escravos eram levados para Pelotas, Canguçu, Piratini e Jaguarão. O outro incluía São José do Norte, Viamão, Triunfo e Taquari.
Descendentes de africanos, mas nascidos no Brasil eram chamados de “crioulos” e os recentemente trazidos da África eram chamados de “novos” e depois de algum tempo que estavam aqui, chamavam-nos de “ladinos”. Geralmente usavam apenas o nome e a ele apenas acrescentavam a profissão ou o local de origem.
A utilização do braço escravo surgiu como um imperativo econômico inevitável para os portugueses na fase colonial do Brasil e ocupação do Rio Grande do Sul. O índio não se prestou para o sistema de trabalho forçado, daí a busca do negro para garantir a sustentação da incipiente economia.
A presença do negro na pecuária é uma tanto controvertida. Há quem afirme que pelo tipo de pecuária que era desenvolvida aqui: pastoreio extensivo e reprodução natural ocupavam número reduzido de trabalhadores. Os guaranis “missioneiros” e os “gaúchos castelhanos” foram, sempre que possível, incorporados às práticas pastoris. Era mais econômico empregar homens livres, os “peões” do que entregar um cavalo e arma nas mãos do cativo, que sedento de liberdade poderia não mais voltar, dando prejuízo do seu próprio custo, do animal e da armas.
Outros afirmam que isso não significa a ausência do escravo africano na vida da estância, especialmente na vida doméstica como cozinheiro, carregador de lenha e de água, artífice e guarda da fazenda na ausência dos seus senhores.
Em relação ao negro no trabalho, Danilo Lazzarotto, refere-se que “o trabalho nas estâncias, por ser fácil e mesmo agradável, foi aceito pelos estancieiros, os quais o executavam com sua família e uns poucos auxiliares, geralmente escravos”.
Nas estâncias o negro era mais bem tratado, geralmente encarregado do serviço doméstico. As mulheres dedicavam-se a lavar, passar, engomar, cozinhar, criar os “sinhozinhos” e as “sinhazinhas” dando, não apenas o seu suor, as suas lágrimas, o seu sangue, mas o seu leite materno, tirando da boca dos seus, para amamentar os filhos dos seus patrões, dos seus amos.
A participação do negro na agricultura rio-grandense foi indiscutível. O braço escravo foi utilizado nos trabalhos mais pesados, como a derrubada de matas abertura de estradas, preparando manualmente a terra, plantando principalmente o trigo na região de Piratini e Bagé, colhendo, moendo, carregando, varando rios e até comercializando nos núcleos urbanos como Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, Rio Pardo e outros tantos.
No Rio Grande antigo, haviam propriedades voltadas para agricultura de subsistência e agricultura mercantil além da criação e nelas o negro foi presença destacada e imprescindível.
Assim diz Maestri: “As fazendas de criação, principalmente as mais ricas, comportavam tarefas, que quase constituíam ”privilégio” da classe servil. Nas estâncias, via de regra, o negro gozava da mesma liberdade e tinha as mesmas regalias dos seus pares brancos.
É certo que algumas estâncias possuíam senzalas, troncos, correntes e outros instrumentos de tortura, mas isto foi exceção.
Daí entender-se não haver a tentativa de fuga e o escravo sentir-se até protegido pelo seu dono, o que difere um pouco das relações escravistas do resto do Brasil.
A marca maior do escravo no Rio Grande do Sul foi na sustentação da nascente indústria gaúcha: as charqueadas, onde praticamente faziam tudo e de tudo, desde a montagem dos edifícios, trabalhando como pedreiro, carpinteiro. Ainda era o matador dos animais, o sangrador, o curtidor. O negro carneou, salgou, pesou e transportou mantas, extraiu op sebo, apurou a graxa.Foi ele, indiscutivelmente o grande responsável pela economia da época. Como se não bastasse, ainda lhe cabia a execução das atividades domésticas na casa do seu dono.
Tratado com severidade, tendo sempre em vista apenas o lucro do patrão. Somente o negro forte tinha a resistência para desempenhar os duros serviços da indústria saladeril. Tarefas exaustiva e desgastante, por isso só o escravo resistia a tanta rudeza e sacrifício.
“Durante mais de cem anos, esta atividade apoiou-se às costas e o suor do homem negro escravizado, o que por si só já o coloca como um dos pilares da sociedade gaúcha”. (Maestri)
Saint-Hilaire diz, que “Cerca de oitenta negros ocupavam-se na construção do curtume e depois nele trabalharão”.
Na formação do Rio Grande do Sul, a historiografia registra as constantes guerras com os espanhóis e nestas o negro teve importantíssimo papel e, se foi desconhecido pelos nossos historiadores, não escapou aos olhos dos observadores estrangeiros como os de Saint-Hilaire, que os denominou como sendo eles “os mais valentes soldados de Artigas”. Nicolau Dreys assim refere-se: “o negro é bom soldado e talvez seja a única profissão para que ele é naturalmente próprio”, e os denomina “os suíços da América”.
O negro também teve participação efetiva na história guerreira do Rio Grande do Sul, não sendo menos importante que as demais, pois foi a mão de obra na demarcação dos limites de fronteira, foi o soldado em todas as guerras, desde a Guerra Guaranítica, a Revolução Farroupilha, a Revolução Federalista e tantas outras, que constituem a vocação guerreira do nosso pago. A cada guerra,  que os estancieiros iam ao combate, eram acompanhados por todos os escravos aptos para a guerra. Sua presença no exército é registrada de forma indireta e sempre através das ordem de campanha de alguns oficiais, onde vêem os pesados castigos a que eram submetidos os escravos, mesmo por faltas leves.
Adalberto Schmidt assim se refere: “Desde o período colonial o negro sempre participou das tropas militares, porém são os Farroupilhas os primeiros a reconhecerem devidamente a sua colaboração. Nas tropas farrapas os negros das zonas agrícolas destinavam-se à infantaria, enquanto a cavalaria era formada pelos elementos das estâncias. O negro, uma vez incorporado ao serviço militar, passava a ser cidadão livre e qualquer oficial era castigado caso maltratasse o homem de cor”.
Danilo Lazzarotto acrescenta: “O exército foi o grande aproximador dos brancos com os escravos: lutavam juntos, acampavam no mesmo barraco, tomavam mate na mesma cuia, acostumavam se admirar um do outro a coragem e o heroísmo. Ali o negro era mais do que servo”.
Os escravos negros tiveram lugar de vanguarda nas lutas farroupilhas. Foram lutadores de extrema dedicação, libertos ou não, colaboraram com o que hoje chamaríamos “apoio logístico”, atendendo provimento da tropa, as munições, os animais encilhados, os vigias, os estafetas, etc. Se os negros não foram os idealizadores dos combates, também deles não recuaram, assim registra a História: no avanço sobre a capital em 20 de junho, em 30 de julho e no cerco de Pelotas em 1936.
O Major João Manoel de Lima e Silva comandou a 1ª legião de escravos, que entrou em Pelotas.
A atuação decisiva do maior lanceiro que o Rio Grande conheceu, Teixeira Nunes, o bravo dos bravos, com o destemido grupo de lanceiros negros é que deram o sustentáculo para a Proclamação da Republica Rio-Grandense nos rincões do Seival.
O feito da Revolução Farroupilha, ainda muito obscura e pouco contado, foi a injustiça cometida contra os guerreiros negros na Surpresa de Porongos, onde farroupilhas e imperiais negaram armas para que os mesmos pudessem se defender e assim exterminarem, na escuridão da noite, todos os negros ali acampados. Foi um verdadeiro massacre, foi também um dos derradeiros ataques do decênio tão heróico.
Os farroupilhas não esqueceram dos escravos, que lutaram lado a lado pelos ideais republicanos, pois no Acordo de Paz, entre as cláusulas está: “São livres, e como tais reconhecidos todos os cativos que serviram na Revolução”.
Mesmo assim, sabe-se que houve discriminação do negro no exército farroupilha, pois o negro só podia incorporar-se à infantaria e nunca a cavalaria.    
Por tudo isso a nossa sociedade deveria ser imensamente agradecida. Se a História não registra grandes feitos realizados pelo Homem de cor, mas só essa doação e fidelidade: encilhando o cavalo, transportando a família, protegendo a estância, sendo guarda-costa do seu dono, já mereceria um registro especial e um profundo agradecimento.

A Campanha Abolicionista

O negro foi escravo não por assim desejou, muito pelo contrário, desde o início do vergonhoso tráfico negreiro, ele bradou o seu grito de protesto, o que se constituiu o grande artífice da busca da sua libertação.
É por todos conhecidos que a submissão do negro em toda sua vida escravocrata foi quebrado por diversas vezes.
As reações afetivas do comportamento do escravo variavam desde a mais completa dedicação até às atitudes de grande rebeldia, chegando inclusive à violência.
Seu valente protesto se constatava na indolência ao trabalho, nas fugas, no suicídio, na formação dos quilombos, nas insurreições urbanas e em outras manifestações que gradativamente foram encontrando eco nos mais diversos segmentos sociais.
Cada manifestação destas merece uma análise mais cuidadosa, considerando-se as causas e as conseqüências, por ex.: Por que o negro era considerado “preguiçoso”, fujão, perigoso, revoltado, insurreto? Essas são falsas atribuições porque ele era assim, não por ser negro, mas por ser miseravelmente escravizado.
Comprova o contrário a formação dos QUILOMBOS, que embora não existam dados objetivos, é certo que existiram muitos, especialmente nas cercanias dos principais pólos escravistas da Província: Pelotas, Rio Grande, Porto Alegre, Rio Pardo, Piratini e outros.
QUILOMBOS eram comunidades de escravos fugitivos, estabelecidos em um ermo qualquer, formando pequenas comunidades, onde o principal objetivo era sobreviver com dignidade e conseguir meios seguros de libertar-se e libertar sua raça da escravidão. Na vida de quilombos, o negro demonstrou capacidade de organização, liderança, participação nas decisões, produção de sobrevivência e espírito de brasilidade. Infelizmente foram exterminados, porque representavam uma ameaça aos senhores escravagistas.
As idéias de libertação são frutos da Revolução Industrial, que precisava, de um lado, trabalhadores de maior confiança a quem se pudesse confiar as máquinas, e, por outro, de consumidores de seus produtos que o pagamento de salário permitiria.
No RS, o Movimento Abolicionista iniciou cedo porque o sentimento de abolição foi da índole rio-grandense. Quase todos os proprietários, que faziam uso do trabalho servil, libertavam seus próprios escravos. Também encontrou guarida graças a  repercussão favorável em diversos municípios. O Partido Liberal colocava como questão prioritária no seu programa em 1879 e em 29 de agosto, o Conde de Porto Alegre fundava a Sociedade Libertadora, com o objetivo de pregar a libertação das crianças escravas. 
No entanto, algumas forças favoreceram a campanha em prol da abolição: “Os republicanos davam aos negros escravos o próprio direito de cidadania, bastando que eles aderissem à causa e formassem fileiras nos seus exércitos. A facção contrária procurou atrair os escravos, oferecendo-lhes as mesmas regalias de libertação aos negros” (Dante de Laytano).
A imprensa cerrou fileiras em prol da campanha, destacando-se a “Discussão” de Pelotas, primeiro jornal a incluir, na sua programação, a libertação dos escravos, e não aceitando anúncios de fugas e negócios de escravos. Logo foi seguido pelos jornais: A Reforma, Jornal do Comércio, O Mercantil, A Evolução, A Federação, todos de Porto Alegre e A Pena de Pelotas.
O charqueador pelotense Antônio José Gonçalves, em seu livro “Memórias Econômico-políticas”, também condenava a escravidão, porque menos produtiva que o trabalho livre e fonte de vícios e corrupção no seio das famílias.
O Partenon Literário teve participação ativa na campanha abolicionista, libertando menores. Comprou uma gleba de terras, dividiu-a em chácaras, que foram vendidas para comprar alforria de escravos. O novo arraial, criado em 1873, recebeu o nome de Partenon. Em 1883, o Partenon Literário criava o “Centro Abolicionista”, sendo logo seguido por toda a Província; promovendo inclusive a “Jornada Abolicionista”, em 1884, que alcançou grande sucesso.
Desta forma, o Partenon Literário, os Clubes Abolicionistas, principalmente o de Pelotas, a Igreja, através de muitas manifestações, as Confrarias, cuja irmandade assistia e dava segurança ao negro, resgatando a sua dignidade, a impressa da época deram uma contribuição fundamental a expansão das idéias libertárias do cativeiro rio-grandense.
O momento mais significativo e memorável do esforço libertador no RS foi o Movimento Emancipador do Negro na Província, em 1884, onde se processou a Abolição Escrava, quatro anos antes do Brasil como um todo. No início do ano de 1885, quase não havia mais escravos na província.
Passado mais de um século da data, que talvez pouco diga realmente porque realmente a Lei Áurea foi um processo utilizado pelos senhores para se livrarem, sem indenização, da mão de obra explorada por tanto tempo. A liberdade dada ao escravo não melhorou a sua situação existencial, resultando na marginalização social deste ser que, com sangue, suor e a duras penas também muito contribuiu na construção do Rio Grande Gaúcho.

Contribuição Cultural do Negro

Considerando a raça negra como um componente significativo na formação da sociedade sul-riograndense, embora menos que nas outras regiões do Brasil, não se pode menosprezar a sua contribuição em todas as áreas: cultural, artística, religiosa, culinária e folclórica.
Na vida cotidiana, o negro conviveu com o branco lado a lado, especialmente na estância, onde era encarregado do cuidado das crianças, das lides domésticas e de outras atividades. Crianças livres e escravas foram criadas juntas, aprendendo os mesmos costumes e maneiras. Por isso, muitos hábitos e costumes foram herdados pela convivência cotidiana com o negro, e nem nos damos conta disso.
Legados culturais: são muitos e diversificados, já pela própria origem dos negros oriundos de diversas regiões da África. Através da música, carnaval, samba e ritimos africanos; língua – o africanismo em nosso dialeto, tais como: anta angico, angu, banana, batuque, caçula, cachimbo, fandango, macaco, mulata, ; da lenda, como Negrinho do Pastoreio, Lagoa Negra,  credos, costumes diversos, muitas vezes até antagônicos entre si.
Na linguagem, herdamos expressões e termos como “Cabeça de porongo”, “Macaco velho não bota mão em cambuca”, “Porongo sempre dá cuia”, “Quem não tem medo de mandinga, não usa patuá”, “Mexer em casa de marimbondos”. Tudo isso foi incorporado em nosso linguajar diário. Termos como: anta, angico, angu, banana, batuque, bambaquerê, bombear, cacimba, caçula, cachimbo, fandango, matungo, macaco, monjolo, mulato, milonga, quitanda, sanga e muitas outras palavras de uso corrente do nosso falar.
Nas artes, também houve influências marcantes como o ritmo, os instrumentos, o carnaval. Instrumentos como o atabaque (tambor ou tamborinha), o berimbau, o sopapo-tambor de tamanho avantajado que se diz ter origem entre os negros rio-grandenses; o age (chocalho) bem conhecido e usado no RS.
Na alimentação – A gastronomia gaúcha foi temperada pelas mãos sábias das negras velhas,que se esmeravam para fazer gostosos quitutes em forno e fogão. Assim temos como herança – o mocotó, a feijoada, o quibebe, a pipoca, os molhos condimentados, as doçarias saborosas, além da culinária de cunho religioso e cheio de misticismo.
No vestuário – a mulher gaúcha assimilou com graça os adereços como brincos, colares, pulseiras, figas, chinelos, cabeção rendado, turbante, saias amplas e rodadas, babados e rendas, etc. Vale registrar, que negros dos Moçambique usavam bombachas ao invés de calças.
Nas festas populares e folguedos tradicionais – No carnaval, não se concebe a ausência do negro e do mulato. Nas festas religiosas como de N. Srª dos Navegantes, do Divino Espírito Santo, São Jorge, São Benedito, São Miguel, etc. o negro marca presença com toda a sua tradição.
Nos tipos populares – vendedores, cantadores, benzedeiras, parteiras, o “Tio Anastácio”, “Tio Domingos”, Nhô Venâncio, Nhá Donata, Siá Inácia, etc.
Na religiosidade: é grande a influência dos rituais africanos nas crendices populares do RS. Há diversos cultos afros num sincretismo com o cristianismo e o espiritismo, o mais conhecido no RS é o batuque praticado em terreiros de candomblé. Muitas crendices, como benzeduras, simpatias, uso de figas, etc, são heranças bem africanas ou afro-brasileiras.
No folclore – Além de tudo o que já foi citado, o negro legou ao nosso folclore um toque especial nas lendas, que todos nós conhecemos. Alem do Negrinho do Pastoreio – expressão mais alta da literatura oral rio-grandense, muitas outras como a do Negro Ressuscitado, Pai Manoel, Santa Josefa, Lagoa Negra e outras tantas que cada um conhece.
As nossas cantigas de ninar, de trabalho, de rodas, os brinquedos, os folguedos, tudo tem um pouco de colorido negro. Festa de Iemanjá, as Congadas de Osório, os Quicumbis e Moçambique de Mostardas, o Bumba-meu-Boi, já quase em extinção.
E assim ainda poderíamos enumerar uma série de contributivos afros aos nossos costumes, o pouco que ainda resta do muito que eles nos legaram e que tão pouco assimilamos daquilo que o tempo ainda não ofuscou.

Um Século de Luta para Sobrevivência da Raça

Após 150 anos de escravagismo no RS e pelo fato de o mesmo ter se antecipado na abolição dos escravos, não significa que tenha concedido aos negros o lugar de destaque que os mesmos mereceram.
Há mais de um século foi assinada a liberdade para os cativos, mas apesar disso o que se fez para integrar o negro na sociedade?
Será que atribuímos a ele o valor que tem por ter história e muito ter contribuído na formação do nosso estado?
Embora exista uma legislação ampla, que o proteja contra a discriminação racial, na prática, a sociedade o rejeita e das maneiras mais diversas e camufladas.
O negro na atualidade ainda luta para sobreviver numa sociedade de brancos, que o segrega e o menospreza em todas as circunstâncias. O preconceito não permite que o negro concorra em situação de igualdade com o branco, a não ser acidentalmente.
Afirmamos que não temos preconceitos, mas muitas vezes nos traímos, porque fomos habituados a expressões desdenhosas sobre os negros. Conhecemos uma infinidade de adágios, que considera o negro como um ser sub-humano.
Ao observar o tratamento que o negro recebe no contexto global da sociedade gaúcha, afirma-se: “O negro não foi imigrante, Foi somente escravo, trazido à força da África e largado após 13 de maio, a Deus-dará, sem qualquer preparo e recurso pra aceitar a situação de liberto...” (Angelos).
Realmente, o negro não foi convidado pelo governo, não teve assistência dos consulados, não recebeu terras, nem sementes, nem ferramentas e teve de enfrentar a vida, não apenas de órfão, mas desprovido de toda a humanidade.
Os resquícios dos Quilombos ou de outros marcos da população negra do nosso Estado.

BIBLIOGRAFIA:
-          Dante de Laytano – Folclore do RS
-          Verônica Monti – O Abolicionismo – 1884 sua hora decisiva no RS
-          Moacyr Flores e outros – Cultura Afro-Brasileira
-          Hélio Moro Mariante – o negro no Folclore do RS
-            Mário José Maestri Filho – O Escravo Gaúcho – Resistência e Trabalho
O Escravo no RS – A Charqueada e a Gênese do Escravismo Gaúcho
-          Adalberto Schimidt – Estudos Rio-Grandenses
-          Décio Freitas – Palmares, a Guerra dos Escravos e outros.
-          Danilo Lazzarotto – História do Rio grande do Sul
-          Igor Moreira – O espaço Rio Grandense

-          Orfelina Vieira Mello – A Contribuição do Negro na Formação do Rio grande do Sul